quarta-feira, 4 de maio de 2011

Un Amour à Taire

Como já estão fartos de ler por aqui, sempre me interessei pelas questões da orientação sexual a nível social, histórico e mesmo cinematográfico.
Infelizmente a nível do cinema LGBT, ainda há muito a ser feito. Vejo muitos filmes nesta temática e devo dizer que na minha opinião apenas se aproveita 1 em cada 5. Ou são demasiado estereotipados, ou supérfluos, ou com uns romancezinhos ranhosos que não interessam a ninguém.
Contudo, de quando em vez, surge uma verdadeira Pérola. É o caso de “Un Amour à Taire” ou em inglês “A Love to Hide” de 2005.
Aviso desde já que é um filme pesadíssimo mas que tem de ser visto. Afinal, só se consegue um futuro melhor quando se reconhece os erros do passado. Como tal, preparem-se com uma caixa de lenços de papel porque todos os que já viram o filme admitiram que começaram a chorar a meio e só pararam algum tempo depois do fim…
Na década de 40 em França e em plena guerra mundial, uma família de judeus é emboscada enquanto tentava escapar para Inglaterra. Apenas Sarah, uma das filhas conseguiu por pura sorte escapar com vida. Desesperada, procura a ajuda de Jean um amigo de infância por quem ainda é apaixonada. Nesta altura, Jean esconde Sarah na casa de Philippe, o seu namorado, e a relação dos dois é exposta a Sarah para seu choque. A partir desta altura, os segredos que os 3 tentam desesperadamente esconder começam a ameaçar as suas vidas principalmente depois que Jacques, o invejoso irmão de Jean descobre tudo…
Sem dúvida o melhor filme que vi este ano e que ficará para sempre como um dos filmes da minha vida…


Foi apenas em 2001 que a deportação de homossexuais foi oficialmente reconhecida pelo estado Francês e apenas em 2002 é que o governo Alemão efectuou um pedido de desculpas público à comunidade gay e às famílias das vitimas.
A deportação de homossexuais alemães iniciou-se em 1933 com a ascensão Nazi ao poder, mas depois estendeu-se pelos países anexados e ocupados.
De acordo com o memorial Norte-Americano ao holocausto, 100mil homossexuais foram presos entre 1933 e 1945. Os estudos indicam que 60% da população gay aprisionada nos campos de concentração foi assassinada o que se torna um dado interessante para retirarmos as nossas conclusões quando comparamos com as seguintes percentagens mais elevadas, os 41% dos prisioneiros políticos. Sob a política do Arbeit macht frei ("Libertação pelo Trabalho") nos campos de trabalhos forçados, os homossexuais recebiam os trabalhos mais pesados ou perigosos. Os soldados da SS utilizavam também muitas vezes o triângulo rosa, que os homens gays eram obrigados a usar, como alvo para prática de tiro. Muitos outros morreram às mãos de médicos nazis em experiências "científicas" destinadas a localizar o "gene gay" de forma a encontrar "curas" para as futuras crianças arianas que fossem gays.
Após a guerra, as indemnizações e pensões sociais atribuídas a outros grupos de prisioneiros foram negadas aos homossexuaiss, que continuavam a ser considerados criminosos. Alguns homossexuais foram mesmo obrigados a cumprir as suas penas de prisão até o fim, independentemente do tempo passado em campos de concentração.

"Pierre Seel, um sobrevivente francês gay do Holocausto, teve a coragem de contar as suas experiências sob controlo Nazi. Quando estes subiram ao poder e ocuparam a sua cidade natal, Mulhouse, na Alsácia-Lorena, o seu nome constava de uma lista de gays e ele foi mandado apresentar na esquadra da polícia. Obedeceu para proteger a sua família de possíveis retaliações. Ao chegar à esquadra, ele e outros homens gays foram espancados. A alguns, que tentaram resistir, foram-lhe arrancadas as unhas. Outros foram violados com réguas de madeira partidas e tiveram os intestinos perfurados, causando graves hemorragias. Depois de ser preso, foi enviado para o campo de concentração de Schirmeck, onde foi forçado a assistir, conjuntamente com os outros prisioneiros em formatura, à execução do seu jovem namorado de Mulhouse que tinha apenas dezoito anos. Steel conta que os guardas o despiram completamente, enfiaram-lhe um balde de metal na cabeça e atiçaram os seus cães pastores alemães, que o morderam até a morte."


Informações retiradas de vários artigos sobre o assunto e do Wikipédia.

17 comentários:

paulofski disse...

Nunca vi mas como dizes deve ser um bom filme, atendendo aos prémios que recebeu. Ao vê-los felizes a pedalar as suas bicicletas, se me dás licença vou fazer um trocadilho com o título do filme: "a Love to Ride".

Wolverine disse...

Vou procurar ver. Já há bastante tempo que não vejo um filme decente .
Quando o fizer, deixo, depois, o meu feedback.

;)

Teté disse...

Vou anotar essa dica, mas para já não me está a apetecer ver nada que me faça chorar, pelo que guardarei para uma próxima oportunidade... :)))

Beijocas!

Theomentos disse...

Muito bom mas muito pesado como referiste mas deve ser visto, neste momento estou a ver outro filme: O Superior Tribunal Federal do Brasil está a julgar ações sobre a união gay. Todos os ministros andam com discursos muito rebuscados e bonitos. Vamos ver no que dá isso...

João Roque disse...

Este filme é brutal e segundo estou lembrado tem uma cena no comboio com uma rapariguita, que é impressionante.
Aconselho-te a ver o "Paragrphe 175" que é um documentário muito bom sobre o inferno vivido pelos homossexuais sob o domínio nazi.

Meia Noite e Um Quarto disse...

sabes que sou daqueles que em vez de andar a ler o principezinho no sexto ano estava a ler o diário de anne frank, e quando vi a adaptação para filme, das duas vezes que vi, chorei chorei, chorei... vou ver este mesmoooo!!! mas tenho que me preparar psicologicamente primeiro já percebi :-)

KarenB disse...

Parece ser um excelente filme!
Tenho de ver.

Beijoca.

ψ Psimento ψ disse...

Paulofski: Uma analogia perfeitamente legitima eheh

Weasley: Este é definitivamente decente, fico à espera do feedback ;)

Teté: Um momento de catarse faz sempre bem a toda a gente ehehe

Theo: Sim eu sei, tal como disseste. Mas esse filme ainda vai dar muito que falar.

Pinguim: Já vi esse documentário e gostei muito. Alias o testemunho que escrevi por último foi integralmente retirado de lá.
Estás a confundir os filmes ehehhe. Essa cena a que te referes é do filme igualmente bom, o Bent.

00:15: Ahahah eu li os dois por volta dessa altura e gostei de ambos à sua maneira. Quando vires diz-me o que achaste.

KarenB: Tens mesmo.

Cumprimentos a todos.

Ikki disse...

O parágrafo que tens escrito a vermelho é de uma violência que me deixa completamente revoltado e com uma fúria interior...que crueldade!
Vou tentar ver o filme, se o conseguir obter. Boa sugestão!
Abraço!

ψ Psimento ψ disse...

Ikki: Este devias mesmo ver porque é muito bom. Eu também acho o mesmo que tu. Sempre que investigo esta temática choco-me com as coisas que eram feitas.

Sérgio disse...

parece-me boa a sugestão.

ψ Psimento ψ disse...

Sad Eyes: É bom mesmo ;)

TUSB disse...

No Irão, ainda no nosso tempo, todos os anos são mortos dezenas de homosexuais pelo gorverno. Torturados, enforcados e seus corpos arrastados pelas cidades...

ψ Psimento ψ disse...

Em qualquer lado são mortos homossexuais na verdade não precisamos ir para o Irão...

um coelho disse...

Mais um para pôr na minha lista. Este até gostava de o ver com o meu rabbit. Entretanto, já que falaram na Anne Frank, também li o diário dela por volta do 6º ano. Ofereci o livro recentemente ao P, que nunca o leu. Já a adaptação ao cinema, não gostei (quase nunca gosto...)

Wolverine disse...

Finalmente, vi hoje este filme.

Não esperava que acabasse assim ( mas também não contava com um happy ending)
No entanto, acho o fim que teve necessário. Para que estas realidades monstruosas não voltem a ser recriadas.


E não pude deixar de escapar uma lágrima no fim.


Uma boa sugestão!

ψ Psimento ψ disse...

Um coelho: Vejam, vejam que vão gostar

Weasley: Estes filmes nunca acabam bem, já estava a contar com isso…
Só uma?? Eu a partir de metade não parei :p