Esta última semana tenho-me dedicado pouco ao Blog mas tem uma razão. A praxe já começou no início do ano mas, esta foi a semana oficial de recepção ao caloiro da minha faculdade. Como tal, para que os caloiros tivessem sempre alguém presente durante as actividades da semana, eu saía de casa bem cedo, por volta das 8h e chegava as 2/3 da manha. As aulas durante esta semana foram as mais penalizadas porque quase não apareci por lá como toda a gente faz nesta altura.
Claro que cheguei ao fim extremamente cansado e tive de gastar todo o fim-de-semana a por os trabalhos em dia, mas valeu a pena. A tradição académica é-me muito especial e ocupa um lugar importante na minha vida. Por isso, custa-me ouvir a comunicação social e outras pessoas que nunca viveram a experiência, mas acreditam-se no direito de criticar atirando a sua ignorância de quem está de fora e nada sabe…
Todos temos direito a ter opinião, no entanto, como em qualquer situação, ninguém deve ter o direito de criticar ou opinar sobre a forma de vida de outra pessoa adulta. É a decisão de cada um. Ninguém está na praxe obrigado, nem mesmo os caloiros. Se não querem não frequentam é tão simples quanto isto, não há qualquer consequência ou discriminação de relacionamento entre colegas. Simplesmente não podem nos próximos anos integrar os grupos de praxe e praxar os novos caloiros como é lógico, nem frequentar as actividades de praxe. Mas ninguém morre por isso, são opções que todos temos. De resto admito que em certas faculdades há abusos e situações inaceitáveis. Contudo, os caloiros têm vontade própria de dizer
“basta” e abandonarem. Devem até reportar a situação de forma hierárquica e com certeza o Doutor que abusou será alertado.
Na minha faculdade nunca vi desses problemas, orgulhamo-nos de ter uma praxe divertida e virada para a brincadeira com diversas actividades. Evitamos praxes físicas e “secas” porque acreditamos que os caloiros têm de gostar de ser praxados. Claro que há momentos em que as coisas têm de ser levadas mais a sério e em que por vezes somos mais resmungões ou fazemos cara séria mas são
“as regras do jogo” e há certos valores que queremos que eles aprendam para partilharem no ano seguinte.
Lembro-me do meu primeiro dia de caloiro. Estava reticente e até pouco motivado. Acho que na verdade esperava até o mínimo motivo para desistir. Contudo pouco tempo depois conheci as Kengas, a minha trupe, os Doutores e aquela que viria a ser a minha madrinha. O companheirismo com os meus colegas caloiros foi crescendo cada vez mais, acompanhado de momentos extremamente divertidos. Foi o melhor ano de praxe. O único ano em que podemos fazer figuras tristes e rir-nos de nós próprios sem ter ninguém de fora a pensar
“olha que idiota”. Somos caloiros, tudo nos é permitido, somos o centro de atenções da faculdade inteira e as actividades
SÃO FEITAS PARA NÓS!! E passou tão rápido, num minuto estava com o meu kit de caloiro a berrar o nome da minha faculdade, a cantar músicas idiotas, a fazer palhaçadas, a fazer saudações aos Doutores e tantas outras coisas e no minuto seguinte estava a passar a tribuna. Com as Kengas a meu lado, deixando a vida de caloiro definitivamente para trás enquanto nos abraçávamos em grande alegria e emotividade típica desta ocasião.
Depois os anos passaram, vários caloiros tomaram o nosso lugar e marcaram as nossas vidas na forma de grandes amizades que acredito se vão manter mesmo depois dos dias de faculdade. Depois aqueles especiais, que nos deixaram orgulhosos e babados quando nos pediram para sermos seus padrinhos. Conto 4 afilhados até ao momento (tirando uma caloira que já me pediu este ano), todos eles mereceram o seu lugar na minha
“família” de praxe e são pessoas que integraram o meu grupo de amigos fora da faculdade.
No ano passado, depois de muitas praxes, saudações, baptismos, queimas, jantares, serenatas, noites negras, banhadas, rallys e aventuras, eu e as
minhas Kengas passamos novamente a tribuna. Desta vez com uma cartola laranja na cabeça e um grande sentimento de orgulho no peito. Mais uma vez abraçamo-nos como no primeiro ano, emocionados com o final de uma etapa e a promessa de novas aventuras. Estou certo que tal como eu, todas elas sentiram aquela sensação de nostalgia quando vimos os caloiros desse ano a deixarem de o ser…
Este ano eu e algumas das Kengas temos o privilégio de poder continuar a acompanhar a praxe, afinal continuamos estudantes de faculdade mesmo no mestrado. Na nossa faculdade somos centenas de alunos portanto na praxe os caloiros são divididos aleatoriamente por vários grupos que se chamam trupes e são constituídas pelos Doutores e Veteranos com que nos damos melhor na praxe. Os caloiros que nos foram atribuídos, ficam connosco para o resto do ano e nos anos seguintes são convidados a permanecer na trupe como Doutores. A nossa função, além de os praxar, é acompanhamo-los em todas as actividades e eles têm de fazer com que a nossa trupe, a
PSICODESPORTINTUS, seja a melhor da faculdade. Além de mais têm um grupo de colegas mais experientes sempre dispostos a auxilia-los em qualquer situação da faculdade ou mesmo de fora.
Inicialmente achava que os caloiros deste ano eram muito “chocos” mas eles ganharam garra e são sem dúvida um dos melhores grupos que eu já vi. A nossa trupe, também tem dado que falar este ano já que começamos com cerca de 25 caloiros e já temos mais de 50. Muitos fugidos de outras trupes, em busca de uma que gostem, acabaram por ficar. E isso, deixa-nos contentes pelo nosso trabalho. O ano ainda vai no início mas, confesso que estou muito expectante. Na próxima semana há mais algumas actividades, e quando poder ponho cá um vídeo engraçado que filmamos ;)
Entretanto deixo uma foto deste ano com alguns elementos do nosso grupo, nesta altura ainda éramos pouquinhos e faltam muitos Doutores e caloiros da nossa trupe, quando tiver uma melhor também mostro.